8 de março
06.03.2017 PB
Agricultoras do Polo da Borborema realizam 8ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia no Brejo Paraibano

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Por Comunicação da ASPTA

“É melhor morrer na luta do que morrer de fome”, Margarida Alves | Foto: Arquivo ASPTA

A 8ª edição da Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, realizada pelo Polo da Borborema e pela AS-PTA, chega esse ano ao brejo Paraibano. “É melhor morrer na luta do que morrer de fome” – há mais de 30 anos, a sindicalista Margarida Maria Alves pronunciava a célebre frase durante a comemoração do 1º de maio, meses antes de ser brutalmente assassinada em Alagoa Grande (PB), a mando das oligarquias locais. Naquela época, a paraibana Margarida liderava na região a luta por direitos trabalhistas dos assalariados da cana. Este ano, mais de 5 mil camponesas se reunirão, nesta quarta-feira (8 de março), dessa vez em Alagoa Nova, município vizinho à terra de Margarida, palco na época das muitas lutas encampadas por ela e pelo movimento sindical para reerguerem seu grito por justiça e para lutarem por nenhum direito a menos.

Nessa edição, as mulheres agricultoras se unem em torno de duas pautas: juntam-se aos movimentos nacionais contra a reforma da previdência proposta pelo atual governo e que significa o retrocesso das históricas conquistas do movimento de mulheres. A PEC 287/2016, que propõe igualar a idade mínima de aposentadoria entre homens e mulher, penaliza toda classe trabalhadora e, de forma mais violenta, as mulheres rurais, ao desconsiderar o volume, as condições de trabalho diário e a idade em que as camponesas começam a contribuir na produção familiar.

Marcharão também pelo fim da “cultura do estupro”, termo usado para apontar comportamentos que silenciam ou relativizam a violência sexual contra a mulher, atribuindo à vítima a culpa pelos crimes. Desde o ano passado, a região da Borborema vem enfrentando uma onda de estupros, que vitimaram 44 mulheres só entre os meses de agosto e outubro, em oito municípios. Graças à mobilização do movimento de mulheres da região, conseguiu-se prender, em novembro passado, o estuprador de 35 destes casos. Segundo às organizadoras, a Marcha de 2017 pretende ser um espaço tanto de denúncia da situação de insegurança enfrentada pelas mulheres, como de acolhimento das vítimas, para que retomem suas vidas após a violência sofrida.

Também será espaço para afirmação do papel histórico e das conquistas das mulheres agricultoras em seu trabalho para a produção de alimentos saudáveis em bases agroecológicas, contribuindo para a segurança e soberania alimentar e na geração de riquezas.

Programação - A concentração da Marcha acontecerá a partir das 8h no Parque Manoel Pereira, no Bairro Mário Lima. No palco montado no local, haverá animação e acolhida às caravanas, além da apresentação de uma peça, encenada pelo Grupo de Teatro Amador do Polo da Borborema. Este ano, o espetáculo tratará sobre o estupro, com a peça “Zefinha não tem culpa!”.

Por volta das 10h, a marcha deve ganhar as ruas da cidade seguindo pela Rua João Pessoa, com destino à Praça João Pessoa, próximo à Igreja Matriz de Santa Ana, no Centro. Assim como em 2016, a atividade contará com a participação da cirandeira pernambucana Lia de Itamaracá, que fará o show de encerramento do evento e a animação antes da caminhada.

Ato Público - Está prevista uma parada durante o percurso da marcha, onde será realizado um ato que trará o repúdio à proposta de reforma da Previdência do Governo Temer, que gera consequências dramáticas para a vida das trabalhadoras rurais, em um contexto político de perda de várias conquistas sociais.

Na Praça João Pessoa, haverá a tradicional feira com a exposição e comercialização de produtos e experiências de mulheres agricultoras, com espaço para hortaliças, frutas, sementes, mel, artesanato e uma variedade de produtos da agricultura familiar. Após o show de encerramento e a leitura da pauta política, as mulheres da Borborema farão o encerramento da Marcha.