Com o término do período das chuvas de 2017, ou popularmente inverno na região semiárida do norte do Piauí, dá-se início ao período em que as famílias agricultoras já têm a certeza “se o inverno foi criador ou não”, como eles mesmos dizem quando se referem à produção de alimentos na agricultura familiar. Como a esperança da família agricultora do Semiárido é perene nem a forte estiagem dos últimos anos fez com que o agricultor e a agricultora perdessem a fé de produzir seu alimento, nesta insistência os frutos tem chegado mesmo que em escala mínima.

Com a colheita deste ano iniciada neste mês de maio, o Centro de Formação Mandacaru de Pedro II organizou a primeira Celebração da Colheita da região de Pedro II, município localizado a 200 km da capital Teresina. O evento realizado na noite de sábado, 13 de maio, no Assentamento Pedro Branca, localidade que fica a 16 km de Pedro II e que também celebrava, na ocasião, a festa de sua Padroeira Nossa Senhora de Fátima.

A celebração da Colheita surpreendeu de maneira positiva tanto o Centro Mandacaru como organizador, quanto a comunidade que acolheu o evento, isso porque a quantidade de famílias presentes foi bem acima do esperado, sem contar com a fartura de alimentos da roça ofertados para o momento de festa. Estiveram presentes quase 15 comunidades. Todas elas trouxeram legumes para agradecer pelo o alimento recebido na safra deste ano. Tinha milho verde, feijão, verduras, abóbora, tomate e tantos outros produtos da safra 2017.

As ofertas trazidas pelos/as agricultores/as eram divididas em dois espaços, uma parte para o leilão dos festejos da comunidade e a outra parte que vinha pronta para consumo como milho verde cozido, galinha caipira ao molho, tapioca entre tantas outras que iam para a mesa da partilha, onde todas as pessoas após a celebração podiam se confraternizar durante o leilão e o movimento social.

A comunidade Pedra Branca também preparou muita comida na espera dos visitantes. Até o leitão assado estava no cardápio comunitário. O sentimento de oferta e partilha foi forte. “Este é um momento de agradecermos a Deus o alimento que recebemos este ano”, disse seu Raimundo Altino, agricultor do Assentamento Arara e participante da celebração. Para Solange Chaves, coordenadora na comunidade “é uma alegria receber todas as famílias aqui. Espero que esta festa fique na memória de todos para que no próximo ano essas e outras comunidades estejam todas aqui novamente”, afirmou contentemente a líder comunitária.

Os representantes do Centro Mandacaru, entidade motivadora da celebração também se mostraram felizes pelo o que viram. Para a Francineth Pereira, coordenadora do setor de agricultora familiar e integrante da equipe responsável pela mobilização das famílias agricultoras para esta celebração o sentimento é de satisfação de ver uma mesa farta numa festa comunitária. “É uma alegria e experiência únicas ver tanta fartura da roça numa festa de famílias agricultoras que também foi de partilha e confraternização comunitária”, disse. 

Como citado pela líder comunitária Solange Chaves a celebração da colheita não trouxe apenas alegria e o agradecimento do agricultor. Ela trouxe a motivação comunitária das famílias se reunirem e terem um momento de festa pelo os alimentos que estão recebendo da colheita 2017 unindo-os com a celebração da padroeira Nossa Senhora de Fátima da comunidade.