Mulheres
16.08.2018 BA
Rede Mulher do Sertão do São Francisco realiza Assembleia anual e celebra parcerias

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Por Agência Chocalho

Mulheres durante a Assembleia anual da Rede | Foto: Agência Chocalho

Elas são pescadoras, produtoras rurais, líderes de pastorais e de comunidades e, sobretudo, mulheres que estão animando a Rede Mulher do Território do Sertão do São Francisco, as quais mostraram sua força e organização durante a realização da 17ª Assembleia.

Esse  ano, a Assembleia aconteceu  entre os dias 10 e 12 de agosto, no Centro de Formação Palmeira de Elim, em  Pilão Arcado. Durante o evento, elas realizam também a Feira Feminista de Economia Solidária, um espaço que serviu de amostra para muitos produtos trabalhados por essas mulheres dos municípios de Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Campo Alegre de Lourdes, Uauá, Canudos, Curaçá e Pilão Arcado.


Um  dos momentos marcantes da Assembleia foi a discussão da temática Violência contra a Mulher, na perspectiva do enfrentamento e superação desse problema, onde a assistente social e professora Jacqueline Soares, facilitadora dessa temática no evento, apontou a conduta machista e visão sociocultural extremamente conservadora, como fatores que muito contribuem para o aumento da violência e do preconceito contra a mulher. As mulheres apontaram que esses fatores estão bem visíveis na vida de muitas delas.


Jacqueline lembrou que quebrar o silêncio, denunciado todo tipo de agressão praticada contra a mulher é um passo estratégico para a superação desse problema e que a presença das mulheres agindo coletivamente em redes, grupos e fóruns, só amplia a luta feminista por igualdade e tantos outros direitos que ainda são negados às mulheres. “Estando articuladas elas até começam a cobrar do poder público ações com relação a sua responsabilidade  no combate à violência contra mulher”, destaca a assessora.


A artesã Maria de Lurdes Oliveira, da comunidade de Mucambo, interior de Casa Nova, vítima de vários tipos de violência doméstica e que já levou seu caso à justiça, disse que ficou "com mais coragem de continuar denunciando, porque antes eu  tinha medo, agora não tenho mais”. A agricultora Benedita Varjão, da comunidade de Pau Ferro, interior de Curaçá, evidencia o quanto os debates sobre mulher e gênero ajudam essas mulheres se libertarem do preconceito e da violência. “Encontro como esses da Rede Mulher é uma forma de passar para as mulheres as formas de violências que elas passam (...), esses encontros instruem para elas lutarem contra isso e possam mudar essa realidade”, disse Benedita.


Feira Feminista de Economia Solidária

Mulheres comercializam em Feira Feminista | Foto: Agência Chocalho

Na manhã do sábado (11), o grupo formado por mais de 80 mulheres, expôs uma diversidade grande de produtos como artesanato, mel, biscoitos, doces e sucos feitos de forma orgânica. A Feira Feminista de Economia Solidária busca dar visibilidade ao trabalho das mulheres, onde podem expor e comercializar produtos, além de proporcionar troca de experiências. 


Para Maria do Socorro Santos, coordenadora de Rede Mulher (Regional de Remanso), a realização da feira foi muito importante, principalmente para animar os grupos e comunidades de Pilão Arcado que precisavam desse incentivo trazido pela Feira. “A feira em si foi o foco maior, porque o povo veio, as comunidades participaram, se animaram e vão sair daqui pra fortalecer mais ainda os grupos”, avalia Socorro.


Socorro lembra que a Rede está mais mobilizada, e que o fortalecimento precisa acontecer nos municípios. A Rede conta com o apoio das entidades locais e regionais que executam ações de orientação, formação e mobilização apoiadas pelo Pró-Semiárido, projeto executado pelo Governo da Bahia, através da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), órgão da Secretaria de Desenvolvimento Rural da Bahia (SDR).


Para Beth Siqueira, Assessora de Gênero, Raça, Etnia e Geração do Pró-Semiárido, todo esse apoio à Rede Mulher também contribui no fortalecimento da construção de articulações com órgãos, entidades e representações, especialmente na linha de gênero, geração de renda e empoderamento das mulheres, uma das ações estratégicas do Pró-Semiárido.


Entidades da sociedade civil que também trabalham na região e que dão suporte às ações da Rede como Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), Serviço de Apoio a Organizações Populares (Sasop) e o Serviço de Assistência Socioambiental no Campo e Cidade (Sajuc), prestaram apoio na realização do evento.


Outro grande aporte para o evento veio do Projeto Pró-Semiárido, cujos recursos são frutos do acordo de empréstimos entre o Governo da Bahia e o Fundo de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). O Projeto viabilizou todo apoio logístico e de estrutura como transporte, alimentação, articulação e assessoria, por exemplo. Garantindo esse apoio, o Pró-Semiárido reforça sua perspectiva em apoiar às ações de fortalecimento das experiências existentes nos municípios e comunidades dos Territórios Rurais onde atua e que vão além do aspecto produtivo.