Agrobiodiversidade
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Agricultor Antônio Sabino fortaleceu seu banco de sementes da libertação com a agrofloresta

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Com a prática de guardar sementes, a gente está contribuindo tanto para ter sustentabilidade como passar essa experiência para outras pessoas

Antônio Adailto Sabino dos Santos reside no município de Santa Cruz da Baixa Verde, Sertão de Pernambuco. Ele é um dos fundadores da Associação de Desenvolvimento Rural Sustentável da Serra da Baixa Verde (Adessu), que fica localizada em Triunfo, na mesma região do Estado. 

No final da década de 80, o agricultor Antônio Sabino começou a participar de atividades de preservação ambiental. Ele percebeu que havia uma dependência de sementes de origem desconhecida. Então, junto com seu pai, Manoel Sabino Neto, começou a fazer observação de sementes selecionadas de guandú, feijão, fava e milho, sementes herdadas do seu avô. Eles observaram que o rendimento e a qualidade eram maiores e a infestação de pragas e doenças eram menor. Com essas quatro variedades, eles deram início ao banco de sementes da família.

Novos rumos de Antônio - Em 1996, Antônio Sabino comprou uma propriedade no sítio São Bento, no município de Santa Cruz da Baixa Verde. Lá ele iniciou a implantação da agrofloresta, que contribuiu para a diversificação do seu banco de sementes. Na sua área plantou árvores nativas, plantas medicinais e hortaliças. Hoje, no seu sítio, há árvores como cedro, jatobá, quina-quina, umburana-de-cheiro, aroeira-mansa, entre outras Na área ainda plantou cana-de-açúcar, palma e muitas frutíferas, além de ervas medicinais e hortaliças. Hoje, no seu banco também há exemplares de sementes de ovinos e caprinos.

Os três filhos de Antonio e a esposa são envolvidos na organização do banco de Sementes da família. Selecionam as sementes, armazenam, identificam e datam. Para o agricultor, um ponto importante na gestão do banco é não utilizar todas as sementes em um só plantio, pois pode haver algum fator inesperado e se perder aquela variedade.

Em função do período de estiagem ocorrido a partir de 2012, o banco de sementes de Antônio Sabino sofreu baixas. “Antes eu colhia de quatro a cinco sacos de castanhas de caju durante a safra. Em 2014, tive que pedir castanhas ao meu vizinho para poder produzir 150 mudas”. Mas, mesmo com as dificuldades, ele destaca: “este ano eu vendi 04 sacos de fava, 05de milho, 03 quilos de sementes de gliricídia e 04 de sementes de leucena para estruturar outros bancos de sementes na região do Agreste”. “A importância do banco de sementes é grande porque não deixa o agricultor a mercê de sementes modificadas. O agricultor que não se organiza para guardar sua semente, fica dependente de plantar uma semente de péssima qualidade, que não se tem conhecimento de sua origem”, alerta ele.

Antônio ainda reforça que a prática de guardar sementes contribui para a sustentabilidade da agricultura. “Com a prática de guardar sementes, a gente está contribuindo tanto para ter sustentabilidade como passar essa experiência para outras pessoas. Na comunidade eu e meu pai somos vistos como pessoas organizadas porque não temos dependência de sementes modificadas. Somos procurados para fornecermos sementes crioulas”.

Antônio irradia sua experiência com Banco de Sementes recebendo no seu sítio intercâmbios de organizações, estudantes de escolas públicas e universitários, agricultores e agricultoras. Ele também participa de seminários e visita outras experiências. “Eu também contribuo no abastecimento de bancos de outras regiões com troca e doação de sementes crioulas. É uma forma de difunde essas práticas e estimular a não utilização de sementes modificadas”, conclui ele.