Direito à Comunicação
09.10.2015 BA
MOC na luta por uma mídia democrática e mais representativa para as mulheres
Existe uma violência simbólica de gênero nos meios de comunicação que precisa ser tão discutida quanto a violência de gênero mais evidente

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Por Maria José Esteves - Programa de Comunicação do MOC

Existe uma violência simbólica de gênero nos meios de comunicação que precisa ser tão discutida quanto a violência de gênero mais evidente, “concreta”

Acontece entre 14 e 21 de outubro a Semana Nacional pela Democratização da Comunicação, promovida pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que convoca todas as entidades de luta a se integrarem ao evento com atividades próprias para ampliar a mobilização. O Movimento de Organização Comunitária (MOC) entende a importância da luta por uma mídia democrática e faz dela uma luta diária.

Neste mês em especial,  numa inserção entre diversos programas, em especial entre o seu Programa de Comunicação e o Programa de Gênero, o MOC criou um calendário de atividades para intensificar a reflexão em torno do tema. No próximo 14 de outubro acontecerá na sede do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Conceição do Coité, uma oficina com o tema “Mulher e Mídia” que reunirá comunicadores comunitários e jovens comunicadores, numa ação do projeto Parceiros Por Um Sertão Justo desenvolvido pela instituição com apoio da Actionaid. O MOC leva a debate o mesmo tema durante o “III Encontro de Radialistas e Comunicadores - por uma Mídia Independente com Ética” que acontece entre os dias 09 e 11 de outubro, no município baiano de Capim Grosso.

“É urgente discutir uma mídia mais representativa para as mulheres fora dos padrões estereotipados e os comunicadores e comunicadoras tem um papel fundamental nesse processo, precisam ser protagonistas desta mudança e na contribuição da proteção dos direitos humanos das mulheres”, afirma a palestrante do evento e Coordenadora do Programa de Gênero do MOC, Selma Glória.

As desigualdades sociais de gênero são refletidas na imagem da mulher projetada na mídia. Os estereótipos publicitários estabelecem padrões considerados ideais e aceitáveis socialmente. “É preciso desconstruir a concepção de mercantilização do corpo da mulher e projetar um sujeito com voz”, ressalta Selma.

Somente 11 famílias controlam os principais meios de comunicação no Brasil. Além disso, 25% dos senadores e 10% dos deputados são donos de concessões de rádio e televisão. O resultado dessa concentração é a restrição do conteúdo transmitido, que acaba expressando somente a vontade dos detentores das concessões de emissoras, deixando de lado os interesses da população.
 
Existe uma violência simbólica de gênero nos meios de comunicação que precisa ser tão discutida quanto a violência de gênero mais evidente, “concreta” – até porque muitas vezes uma legitima a outra. Quando uma mulher apanha dentro de casa muitas violências simbólicas anteriores já ocorreram.

Campanha - Diante desse contexto o MOC vem somando esforços com outras organizações, dentre elas, de mulheres e feministas na luta contra todas as formas de violência contra as mulheres. Para isso, tem buscado o envolvimento do poder público local, agências de comunicação e demais organizações sociais na construção de uma rede de parcerias comprometidos com a garantia da dignidade humana das mulheres.

No próximo 19 de outubro, no mesmo dia que a entidade vai lançar suas novas peças institucionais de comunicação e debater com jornalistas renomados o tema “Comunicação à Serviço de um Sertão Justo”, será lançada a campanha “Quebre o silêncio! Denuncie a violência contra as mulheres” que objetiva mobilizar e sensibilizar a população para  a prevenção e enfrentamento a violência contra as mulheres, através de ações de visibilidade, atos públicos, formação e informação como estratégia de contribuir para a  garantia do direito as mulheres uma vida livre de todas as formas de violência. As atividades acontecerão a partir das 8h10, com café da manhã regional, reunindo toda a equipe, entidades parceiras e imprensa no Centro Social Urbano, bairro da Cidade Nova, em Feira de Santana.

Esse período também há intensificação de ações de visibilidade no mundo inteiro em torno da campanha 16 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra ás mulheres e tem como objetivo promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres.

Em Feira de Santana foi aprovada e sancionada recentemente pelo prefeito local a lei nº 3.570/15 de autoria da vereadora Gerusa Sampaio, que dispõe sobre a inclusão de prioridade à mulher vítima de violência doméstica na inscrição e aquisição em programas habitacionais no âmbito municipal.

A mulher deve possuir o direito de não sofrer agressões no espaço público ou privado, a ser respeitada em suas especificidades e a ter garantia de acesso aos serviços da rede de enfrentamento à violência contra a mulher, quando passar por situação em que sofreu algum tipo de agressão, seja ela física, moral, psicológica ou verbal. É dever do Estado e uma demanda da sociedade enfrentar todas as formas de violência contra as mulheres. Coibir, punir e erradicar todas as formas de violência devem ser preceitos fundamentais de um país que preze por uma sociedade justa e igualitária entre mulheres e homens. A mídia exerce importante papel nesta luta.