Agroecologia
01.12.2015 PE
Mais 29 famílias conquistam cisternas calçadão e caráter produtivo

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Por Carlos Henrique - comunicador popular da ASA

Construção de cisterna em Pernambuco | Foto: Valda Nogueira - Arquivo Asacom

Com o objetivo de garantir o acesso de mais famílias agricultoras à água para produção e comercialização de alimentos, a Diaconia iniciou, este mês, um projeto aditivo para construção de 29 cisternas-calçadão no município de São José do Egito (PE) nos próximos quatro meses. O projeto, desenvolvido com o apoio da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), também conta com o Caráter Produtivo, um recurso extra pelo qual cada família poderá investir em alguma atividade da agricultura familiar mais apropriada à sua realidade: sementes, apicultura ou criação de pequenos animais.

O casal de agricultores Valmir Bezerra e Edna Marinho abriu as portas de sua casa, no Sítio Curral Velho dos Pedros, em Afogados da Ingazeira, para a primeira atividade de sistematização de experiências acompanhada por uma equipe de assessoria Técnica e de Comunicação da ASA. Na propriedade, que já possui uma cisterna de 16 mil litros e uma produção bem diversificada - criação de galinhas e cabras, produção de mel de engenho, poço, plantação de hortaliças, frutas e polpas -, a família construiu uma linha do tempo com sua experiência de vida e produção na localidade, herdada dos antepassados há mais de 100 anos.

Porém, nem tudo é de facilidades e a família sente o impacto das dificuldades climáticas e econômicas. Valmir é um experimentador, observador e conhecedor da natureza, e percebe as chuvas insuficientes e poucas perspectivas de melhoria a curto prazo. “Esse projeto, por ser de menor porte, permite uma melhor oportunidade de avaliarmos e contextualizarmos as tecnologias com a realidade vivenciada pelas famílias, nesse tempo de ‘maré baixa’. O foco do projeto é na produção de alimentos, mas o entorno, o ambiente, reflete muito no desenvolvimento das iniciativas”, afirma o coordenador local Adilson Viana.

A participação da agricultora Fátima Souto, do Sítio Felipe, também transformou o momento em intercâmbio e encorajamento. Dona Fátima, junto com o marido Adalberto, são exemplos de sucesso no empreendimento e planejamento da produção, comercialização na feira e programas institucionais. A equipe técnica da Diaconia também conheceu a plataforma PENTAHO, uma nova ferramenta utilizada pela ASA para melhor monitoramento das tecnologias e dos projetos.

P1+2 - Criado pela ASA em 2007, o Programa Uma Terra e Duas Águas parte da estrutura mínima que as famílias precisam para produzirem (o espaço para plantio e criação animal, a terra, e a água para cultivar e manter a vida das plantas e dos animais). O programa promove a construção de tecnologias para maior armazenamento de água (cisternas-calçadão, barreiros e barragens subterrâneas), formação de pedreiros e a mobilização das famílias em formações para a convivência com o Semiárido, como as capacitações em Gerenciamento da Água para Produção de Alimentos (Gapa) e em Sistema Simplificado de Manejo da Água (SSMA). Algumas das experiências exitosas são publicadas em formato de boletins e banners (O Candeeiro).

Para ser contemplada, a família precisa ser cadastrada em comissões municipais e comunitárias e atender a critérios como: renda per capita familiar de até meio salário mínimo; inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e Número de Identificação Social (NIS), além de possuir a cisterna de água para consumo humano (16 mil litros). Famílias chefiadas por mulheres, com crianças até 6 anos, crianças frequentando a escola, pessoas idosas ou com deficiência também têm prioridade.