P1+2
29.04.2016 CE
Metodologia participativa ressalta protagonismo das famílias agricultoras do Semiárido

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Por Carlos Rutiele / Comunicador Popular do Instituto Antonio Conselheiro - IAC

Dona Liduína e Seu Aureliano construindo o mapa da propriedade | Foto: Rutiele Parente

Com o objetivo de aprofundar conhecimento e prática sobre metodologias participativas do Programa Uma Terra Duas Águas – (P1+2), foi realizada uma formação entre técnicos/as do Instituto Antonio Conselheiro – IAC sob a facilitação do Agrônomo Luiz Eduardo, colaborador do CETRA. Na ocasião as/os participantes se debruçaram sobre novos instrumentais metodológicos participativos a fim de discutir sobre a construção da agroecologia, além de refletirem sobre a situação dos agrossistemas em que os agricultores e as agricultoras familiares estão inseridos. A atividade que uniu teoria e prática foi realizada no último dia 19.

Na parte prática, a equipe foi a campo realizar de forma colaborativa a caracterização da experiência da família de Dona Liduína e Seu Aureliano que moram na comunidade de Aroeiras, há 18 km do município de Quixeramobim-CE, com a finalidade de construir um “retrato” da realidade. Para isto, foram utilizados instrumentos metodológicos participativos, como construção coletiva da linha do tempo da família, mapa da propriedade familiar, construção do fluxograma de entrada e saída de insumos e visita às áreas de produção do casal.

Na chegada à casa da família, após uma breve apresentação, foi realizada uma visita ao quintal onde fica o Sistema de Reuso de Águas Cinza, construído há três meses pelo Fórum Cearense pela Vida no Semiárido – FCVSA, a fim de servir como unidade demonstrativa do Sistema para o estado do Ceará. Além do sistema de reuso, a família conta com as tecnologias sociais de armazenamento de água para o consumo humano, cisterna de 16 mil litros, e a cisterna-enxurrada que tem capacidade de armazenar 52 mil litros de água para produção de alimentos. A visita teve como objetivo identificar as atividades realizadas nos subsistemas e compreender a dinâmica entre eles.

De volta ao alpendre da casa, Dona Liduína que além da agricultura e dos trabalhos com a casa, ainda consegue tempo para fazer artesanato em biscuit e pintura, foi convidada para fazer uso de seus dotes e desenhar o mapa da propriedade da família com ajuda do esposo Aureliano. O desenho serviu como aporte para um maior estudo sobre a produção de alimentos e fluxos de circulação de insumos dentro do agrossistema.

Em seguida, a família aproveitou a linha do tempo que já havia sido construída em outro momento de formação, desta vez, pelo Projeto Ater Agroecologia, implementado em nossa região pelo Cetra. Com a apresentação do instrumental, foi fácil encontrar aspectos da família que não haviam sido lembrados anteriormente, tornando assim, um processo mais rico com informações acerca da transição agroecológica da família que há 30 anos desenvolve a agroecologia e é referência no Sertão Central.

Ao final da formação, em avaliação geral, foi de destaque a importância dos/as técnicos/as serem capacitados para realizar uma extensão rural comprometida com os princípios da educação popular, com o fortalecimento do protagonismo dos agricultores e agricultoras na construção coletiva de inovações e na luta contra o difusionismo.
Por: Carlos Rutiele / Comunicador Popular do Instituto Antonio Conselheiro - IAC