Sementes
05.05.2016 CE
Encontro reúne semeadores na região do Cariri-CE

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Por Rikáryo Mourão - Instituto Elo Amigo

Cristina Nascimento, coordenadora executiva da ASA pelo estado do Ceará destaca o posicionamente da Articulação frente ao golpe | Foto: Miro Kadete

Teve inicio na manhã desta quarta-feira, 04, no Hotel das Fontes no balneário de Caldas-Barbalha/CE, o III Encontro Estadual de Agricultores/as Experimentadores/as e o I Festival Cearense das Sementes da Vida, com um público de aproximadamente 115 pessoas de todas as regiões do Ceará, que se reúnem até amanhã dia 06.

A abertura contou com uma mística que consistia na busca de um elemento da natureza que trouxesse bem-estar aos presentes. Os mais citados foram “terra, sementes e ar”, mas a água por não ser presente em todos os períodos do ano no Semiárido foi que apareceu mais nas falas. “A água serve para beber, para a semente brotar e para a vida continuar”, disse José Júlio, de Itapipoca.

O encontro continuou com uma mesa de abertura composta por agricultores/semeadores que falaram de sua experiência de vida, do cultivo, da importância da preservação das sementes crioulas e dos impactos que a instabilidade política nacional poderia causar na sequencia das tecnologias de convivência com o Semiárido brasileiro. “Tenho orgulho da minha historia. O meu pé rachado é de orgulho das minhas origens”, falou, Antônia Marcia da cidade de Quixadá.

À tarde o debate referente à “instabilidade política”, ganhou força e deixou clara a preocupação com as conquistas sociais, da democracia e do estado de direito. As falas de representantes de entidades da Central Única dos Trabalhadores, CUT, Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará, Fetraece, do Levante Popular da Juventude e das demais entidades presentes que compõe o Fórum Cearense pela Vida no Semiárido, FCVSA, destacaram o papel de um governo legitimamente eleito estar sofrendo um golpe.

A força de uma luta entre as classes também foi pautada nas falas que salientaram que a sociedade brasileira se divide hoje em dois grandes lados: De um lado os pobres que defendem um governo com mais direitos e do outro os ricos que defendem o fim de direitos, principalmente dos trabalhadores e das politicas sociais. O momento foi encerrado por uma das coordenadoras do FCVSA e da Articulação Semiárido Brasileiro no Ceará (ASA-CE), Cristina Nascimento, que esclareceu o inicio de um desgaste entre entidades devido ao entendimento de trechos da carta política intitulada “ASA em defesa da democracia”, a qual foi divulgada pela entidade no dia 18 de abril.

Neste sentido, Cristina afirmou que caso Aécio Neves (PSDB-MG), tivesse sido eleito democraticamente nas eleições presidenciais de 2014, a Asa poderia manter um diálogo com o executivo, mas com o possível governo do Michel Temer (PMDB-SP), não eleito através do voto popular e financiador de um golpe na democracia não teria conversa nenhuma. “Nunca conversaríamos com um governo não eleito democraticamente, vamos pra rua por que não vai ter golpe!”, enfatizou Cristina.

Lançamento do Jornal Brasil de Fato

Para encerrar as atividades do dia, as comunicadoras do Cetra, Amanda Sampaio, e da ASACOM, Elka Macedo, lançaram duas edições do Jornal Brasil de Fato: a edição Zero no estado do Ceará que agora conta com uma redação do periódico e a edição especial do Semiárido que foi produzida e impressa para denunciar a tentativa de golpe, para tanto foram impressas um milhão de exemplares para serem distribuídos em todos os estados do território.

Amanda Sampaio, comunicadora do Cetra fala sobre a importância do Jornal Brasil de Fato para a classe trabalhadora | Foto: Rikáryo Mourão

Amanda destacou que a publicação vem para ajudar no trabalho de base nas instituições. “Sabe aquele trabalho de base? Esse jornal vem para ajudar vocês, são informações que precisam chegar até as pessoas que tem poucas opções e ajudar a mostrar pra elas que existe um outra opção além da Globo por exemplo”, afirmou.

Já Elka, reforçou o lançamento da publicação e convidou todos a se envolverem. “Precisamos de todos. Imprimimos um milhão de exemplares, como no Programa Um Milhão de Cisternas. Todo mundo vai receber suas edições e têm o papel de mobilizar as pessoas em casa, na associação e no sindicato”, disse.