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19.05.2016 CE
Mais de 50 famílias do município cearense de Barreira se preparam para receber cisternas de placas

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Por Por Ricardo Wagner - comunicador popular pela Obas

Agricultoreas e agricultores participam de Curso de Gerenciamento de Recursos Hídricos (GRH) | Foto: Ricardo Wagner

Esta quarta-feira, 18, foi marcante para mais de cinquenta famílias do município de Barreira no estado do Ceará. É que por dois dias aconteceu na sede da Organização Barreira Amigos Solidários (Obas), o curso de Gerenciamento de Recursos Hídricos (GRH). A atividade é uma das etapas para o recebimento das cisternas de placas do Programa de Cisternas do Governo do Estado do Ceará, que a Obas executa através da parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Agrário.

Durante o curso, foram debatidas questões relacionadas ao direito à água, o surgimento de programas sociais a partir das demandas da sociedade civil e movimentos sociais, os quais resultaram em diversas ações como as cisternas de consumo e de produção, o Programa Cisternas nas Escolas, dentre outros.

A conjuntura política atual não pode ser deixada de lado, e nos depoimentos como o de dona Maria Edilene, isso ficou bem nítido. "É preciso lembrar que o que está incomodando o povo rico é que agora a gente sabe que temos valor. Que o que a gente sabe serve pra ensinar também. E aí, quando a gente vai comprar um perfume que uma pessoa rica usa, a gente não pode. Por quê? O nosso dinheiro é igual. Então o nosso direito também é", afirmou categoricamente.

Outra participante que também mostrou indignação foi dona Valdelice da Silva Lima. "É muito ruim quando esses deputados votam em nome das suas famílias. E a família dos outros, como fica? A gente aqui no nordeste tem muito valor. Eu fiquei sabendo que até o projeto das cisternas pode acabar. Eu não posso ser egoísta porque eu já estou com a minha garantida, mas e as outras famílias? Será que vão receber? Eu fico é preocupada", lastimou.

O debate girou em torno das dificuldades de acesso à água. Segundo dona Maria de Fátima Freire, "a gente tem os canos, tem a conta da água que nunca atrasa, mas a água que é bom, só quando querem". Ela refere-se ao sistema de abastecimento que é ineficaz. Quando indagada sobre o que ela acredita que mudará com a chegada da cisterna, responde rapidamente: "Primeiro a gente vai conseguir dormir bem, porque toda noite é um sacrifício. A gente deixa a torneira aberta pra ver se cai algum pingo d'água e tem que ficar vigiando, porque se chegar água, a gente não pode desperdiçar", destacou.

Vida e Arte

As famílias são convidadas a retratar suas casas após o recebimento das cisternas. Os desenhos são expostos como numa galeria de arte para apreciação. É nesse momento que saem observações sobre o local ideal para a cisterna, plantas e árvores do entorno, cuidados com os canos, distanciamento de currais e chiqueiros, dentre outras orientações.

Uma Aula Diferente

É um dos momentos divertidos do curso. Após a distribuição da cartilha Uma Aula Diferente, as agricultoras e agricultores são convidados a interpretar os personagens do texto. Daí a criatividade reina! Não importando a idade, as atrizes e atores incorporam as falas e gestos. Tudo para que a plateia se divirta e compreenda a importância dos cuidados com a cisterna.

No encerramento do primeiro dia, os/as participantes recebem um questionário sobre divisão sexual do trabalho doméstico para ser respondido junto às suas famílias e devolvidos no dia seguinte. Já o segundo dia, conta com o detalhamento técnico das cisternas e cuidados específicos.