Educação Contextualizada
23.08.2016 BA
Encontro Territorial do Projeto Cisterna nas Escolas

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Encontro reuniu professores, pedagogos e secretários de educação dos municípios de Vitória da Conquista, Anagé, Belo Campo e Tremedal | Foto: Comunicação Cedasb

O que são 52 mil litros de água numa cisterna da escola? Água de boa qualidade, que vai servir para a merenda e também para beber. Mas será que é só isso? Não!

Os 52 mil litros de água numa cisterna da escola são para garantir o pleno funcionamento do espaço de aprendizagem e para possibilitar um bom debate sobre educação do campo. Educação esta que deve ser contextualizada a fim de garantir aos educandos não somente o conhecimento pragmático, mas também a valorização e ressignificação de sua cultura, seus costumes. Além disso, a conversa sobre educação rural tensiona mexer numa ferida antiga, a grade curricular que, organizada de modo generalizado, nem sempre leva em consideração as intemperanças climáticas de cada região e as tradições locais.

Foi por esses motivos que em 11 de agosto, aconteceu em Vitória da Conquista/BA, o Encontro Territorial do Projeto Cisternas nas Escolas, organizado pelo Cedasb e que contou com a participação de Olga Gotardo, aluna em Educação do Campo pela UFRB, da banda Remela de Gato e de professores, pedagogos, secretários de educação e demais profissionais ligados à área educacional dos municípios de Vitória da Conquista, Anagé, Belo Campo e Tremedal.

Ariosvaldo, tesoureiro do Cedasb e professor do campo na rede municipal de Anagé falou da importância desses espaços de discussão “é em ambiente como esses que, em conjunto, podemos discutir sobre a melhoria da educação no campo e mais ainda, podemos agir para a melhoria dessa educação. O primeiro passo é pensar no melhor modo de adequar os conteúdos e os dias letivos à realidade de quem mora no zona rural”.

Quem também reforçou os argumentos do professor Ariosvaldo foi Olga Gotardo, aluna de Licenciatura em Educação do Campo pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Amargosa, na Bahia. Ela foi categórica ao afirmar que “eu sou uma dos que o êxodo rural não expulsou”. Relembrando sua trajetória até aquele momento, Olga questionou sobre empoderamento dos povos camponeses e o que isso significa em termos políticos, econômicos e sociais. Além disso, fez uma ressalva interessante: “Se a gente sai do campo para estudar não é porque viver no campo seja ruim. Na verdade, a maioria das pessoas que vivem na zona rural e saem para estudar tem o objetivo de poder voltar e trazer esses conhecimentos para o benefício da comunidade. Ou seja, se eu escolho ser educadora, posso ser uma educadora em minha comunidade. Se sou médica, também posso clinicar na minha comunidade e assim por diante. É preconceito as pessoas afirmarem que viver no campo só para quem é agricultor. Um filho de agricultores pode ser o que quiser e ainda cuidar da sua terra, sem, contudo, precisar sair dela”. E o início de tudo isso começa na escola, espaço de reflexão.

Por trás desta ação de construção das cisternas e debate e prática de uma educação contextualizada, há o Programa Cisternas nas Escolas, concebido pela Articulação Semiárido. Na Bahia, o Cedasb é uma das organizações que executam o programa. Em 2010, atendeu municípios como Vitória da Conquista, Planalto e Caetanos. Na sua segunda fase, em 2015, o programa em apenas um ano de execução construiu 84 cisternas nas escolas distribuídas nos municípios de Tremedal, Anagé, Belo Campo, Caetanos e Vitória da Conquista. Somado a isso, o Projeto promoveu capacitações em Gestão de Recursos Hídricos Escolar para 84 merendeiras e 125 professores do campo. Dado esse avanço, espera-se que a ação chegue em mais 44 escolas da zona rural deste território.

Clique aqui para conferir as fotos do Encontro Territorial do Projeto Cisternas nas Escolas.