Comunicação Popular
09.09.2016
Democratização da comunicação será pautada no IX EnconASA

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Por Elka Macedo - Asacom

Comunicadoras/es populares refletem sobre como a comunicação pode ajudar a enfrentar a conjuntura atual do país | Foto: Hugo de Lima

A pouco mais de dois meses da realização do IX EnconASA (Encontro Nacional da ASA), organizações dos dez estados que compõem o Semiárido brasileiro se preparam para refletir acerca da conjuntura atual do país e os rumos da rede para os próximos anos. Com o tema “Povos e territórios: Resistindo e Transformando o Semiárido”, o evento reunirá agricultoras/es, povos e comunidades tradicionais e técnicas/os de organizações que compõem a Articulação de 21 a 25 de novembro, em Mossoró no Rio Grande do Norte.

Nesta perspectiva, a rede de comunicadores e comunicadoras de nove estados do Nordeste (Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão) e do Norte e Vale do Jequitinhonha de Minas Gerais, que compõem a ASA, esteve reunida nos dias 25 e 26 de agosto, em Jaboatão dos Guararapes (PE), para debater a “comunicação como estratégia de luta” e de que modo podemos inserir este debate durante o IX EnconASA. Para o coordenador da ASA pelo estado do Rio Grande do Norte, Yure Paiva, esta edição do evento permitirá que haja uma visão abrangente das lutas por direitos na região.

“Vamos encontrar em Mossoró [Oeste do Rio Grande do Norte] diversas lutas e resistências. A Região Oeste do RN tem sido um espaço de intensa disputa entre o agro e o hidro negócio e a agricultura familiar. Temos que chegar em Mossoró e fazer o debate da disputa dos territórios, da matança das culturas e da resistência dos povos. Neste cenário, o direito à comunicação também está em disputa. Também está em disputa o direito de fazer a comunicação acontecer como nós queremos, refletimos e desejamos”, salienta Yure Paiva.

Com uma programação diversificada composta de plenárias e trabalho em grupos, além da apresentação das experiências do Coletivo Terral de Comunicação Popular e do Jornal Brasil de Fato Pernambuco, o Encontro teve momentos de diálogo sobre o papel da rede e do comunicador/a popular.

“Penso que o encontro possibilitou um olhar para dentro. Nesse sentindo, nos levou a refletir sobre muitos aspectos da comunicação: desafios, possibilidades e experiências exitosas de comunicação em rede, como o Terral. Logo, um encontro de comunicação antes do EnconASA, lançou uma provocação boa sobre os desafios dessa comunicação em rede, mas que deve ser refletida e vivenciada no nosso Encontro no RN.  E é exatamente esse olhar que todos os estados devem estar atentos”, avaliou a comunicadora popular do estado do Sergipe, Daniela Bento.

Ao final do Encontro os/as comunicadores/as se comprometeram a levar para seus estados o debate da democratização da comunicação e da importância da comunicação popular para esclarecer a população acerca de seus direitos e do golpe em curso, além de se prepararem para pautar o direito à comunicação no IX EnconASA.

A coordenadora da assessoria de comunicação da ASA (Asacom), Fernanda Cruz, reiterou que “Estamos vivendo um momento que vai ficar para a história do nosso país. Mas, a gente também faz história e não podemos perder isso de vista, se não desanimamos”. Nesse sentido, ela reforça a importância de sistematizar a experiência de comunicação da ASA enquanto um processo de memória dessa história e que também proporciona uma reflexão sobre a própria prática.

Em 2007 a ASA passou a atuar com comunidades populares nas dinâmicas dos territórios de atuação de suas ações. Mas foi em novembro de 2012, durante a oitava edição do EnconASA, que a  comunicação como direito foi assumida como estratégia política para a promoção da convivência com o Semiárido.

Neste sentido, o tema foi abordado na carta política do evento, que aponta as diretrizes da Rede para os próximos anos. “Não podemos ignorar a exclusão que sofrem os povos do Semiárido aos diversos meios de comunicação, especialmente as rádios e televisões comunitárias, que funcionam como um instrumento de reafirmação da identidade e de fortalecimento da luta por seus direitos. Sonhamos com o dia em que nosso povo exerça o seu direito de comunicar com a mesma autonomia, força e resistência com que constroem sua história de convivência com o Semiárido”, destaca o documento.