Na manhã desta terça-feira (23) cerca de 1.200 agricultores/as do Rio Grande do Norte (RN), Ceará e Paraíba estiveram reunidos na comunidade rural Canto do Amaro, no município de Areia Branca (RN) para comemorarem a inauguração das primeiras tecnologias de captação de água para convivência com o semiárido patrocinadas pela Petrobrás em parceria com a Articulação do Semiárido (ASA).

Também participaram da cerimônia o secretário de Segurança Alimentar do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Arnoldo de Campos; o coordenador executivo da Asa pelo estado da Bahia, Naidison Quintela; Elza Braga, representante nacional do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea); e o diretor de Exploração e Produção da Petrobrás, José Miranda Formigli.

Representando os/as agricultores/as da comunidade Canto do Amaro, dona Francisca comemorou o fato de ter sido a primeira beneficiada com uma cisterna-calçadão e disse que agora ela e sua família "são muito ricos” por terem água garantida para produzir mais alimentos. Já o agricultor Nelson Ferreira, representante do Polo de Borborema, na Paraíba, que utiliza a mesma tecnologia de captação de água da chuva, destacou a importância do líquido essencial para garantir a segurança alimentar e nutricional de sua família, assim como para a agricultura familiar e a agrofloresta.

Dando continuidade ao tema da segurança alimentar, a professora Elza Braga afirmou que o evento é muito significativo para o Consea, "pois sabemos que a água é central para a alimentação”. "Continuaremos nessa luta porque muito em breve a água para beber e para produzir será universalizada no semiárido”, disse.

Por sua vez, Arnoldo de Campos ressaltou o desenvolvimento de políticas de enfrentamento à seca desenvolvidas pelo governo federal, sobretudo em 2012, ano marcado pela maior seca dos últimos 50 anos, com ações estruturantespara facilitar a convivência com o semiárido.

Para o coordenador da Asa, Naidison Quintela, o semiárido não é uma região de "coitados”, mas lugar de riqueza, sabedoria, criatividade e inteligência. Segundo ele, a Asa é apenas a facilitadora de um processo criado pelos próprios agricultores desenvolvendo tecnologias simples e com metodologia participativa para dar autonomia aos beneficiados. "Nós não damos nada para os agricultores. São eles que criam e solucionam seus problemas, são sujeitos de sua própria história. Costumo dizer que a Asa é apenas a facilitadora desse processo”, comentou.

Ele também destacou a importância da terra e falou sobre a necessidade de impulsionar a Reforma Agrária, a fim de disponibilizar mais "terra justa” para os agricultores trabalhares e produzirem.

Por fim, o diretor da Petrobrás, José Miranda, ressaltou a viabilidade econômica das tecnologias de captação de água e comentou que "esse privilégio” tem que chegar para os 22 milhões de habitantes do semiárido.

Por meio do patrocínio de R$ 199 milhões da Petrobrás, a Asa poderá oferecer 20 mil novas tecnologias de captação e armazenamento de água da chuva através dos métodos cisterna-enxurrada, cisterna-calçadão, barreiro trincheira e barragem subterrânea.Essastecnologias fazem parte do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que visa garantir às famílias a chamada "segunda água”, ou seja, aquela que servirá para as atividades de sustento da família.