A seca na região do semiárido brasileiro - considerada a pior dos últimos 30 anos - já levou mais de 868 municípios nordestinos a terem situação de emergência reconhecida pelo Ministério da Integração Nacional. Segundo último balanço de feito em 31 de maio pelo ministro Fernando Bezerra, o número deve subir para 900 cidades até o fim de semana.

O governo federal já repassou aproximadamente R$ 3 bilhões para ações de enfrentamento à estiagem, entre elas a construção de cisternas, crédito extraordinário, Seguro Safra e Bolsa Estiagem. No entanto, organizações da sociedade civil alertam para o perigo de candidatos as eleições municipais se aproveitarem da situação para angariar votos.

As medidas emergenciais são alvo de críticas da Articulação no Semiárido (ASA), formada por mais de 750 organizações da sociedade civil que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência coma região. A ASA argumenta que esse tipo de ação somente na forma de assistencialismo fortalece a chamada “indústria da seca”, principalmente, em ano de eleições municipais.

Com essa preocupação, a ASA enviou no dia 31 de maio um documento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), solicitando ao órgão que faça uma campanha em favor do voto limpo no Nordeste brasileiro. O coordenador da ASA pelo estado da Bahia, Naidison Baptista, comenta que é comum muitos políticos utilizarem o abastecimento de água em troca de votos.

A convivência com o semiárido – uma alternativa

O debate da convivência com o semiárido como a principal estratégia para o desenvolvimento sustentável da região e promoção de vida digna para as famílias agricultoras será debatido na Cúpula dos Povos, evento que vai ocorrer em paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). A Articulação no Semiárido Brasileiro é membro do Grupo de Articulação do Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20.

A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados vai realizar seminários nos estados nordestinos sobre o mesmo tema. A iniciativa, ainda sem data marcada, vai contar com a ajuda de representantes de organizações governamentais e não governamentais, além de representantes dos ministérios do Desenvolvimento Agrário; da Agricultura; da Ciência e Tecnologia; da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Instituto Nacional do Semiárido (INSA), entre outros.

Para a Rede de Educação do Semiárido (RESAB) a política de convivência com o semiárido deve estar associada aos projetos de educação contextualizada como forma de possibilitar que os sertanejos tenham uma maior compreensão das condições socioambientais e culturais, bem como, das tecnologias que contribuem para a produção apropriada à região.