Quando o investimento de recursos públicos em áreas de interesse social não é prioridade para o governo de Temer Golpista, as ações de convivência com o Semiárido não fogem à regra. Neste cenário de escassez, a Fundação Banco do Brasil anunciou durante o IX Encontro Nacional da ASA (EnconASA), em Mossoró, o aporte de R$ 17 milhões para a implementação de tecnologias sociais de estoque de água em nove estados do Semiárido (de Minas Gerais ao Piauí).
O anúncio foi feito pelo gerente da FBB, Geovane Martins Ferreira, para uma plateia de mais de 400 pessoas – na sua maioria agricultoras e agricultores familiares e representantes das organizações que formam a ASA. Na ocasião, Geovane assinou o convênio com a vice-presidente da Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC), Valquíria Lima. A AP1MC é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que faz a gestão financeira e física dos programas da ASA.
Os R$ 17 milhões permitirão que 3,6 mil famílias passem a estocar volumes maiores de água da chuva para consumo próprio (16 mil litros) e produção de alimentos (a capacidade de armazenamento varia de acordo com o tipo de tecnologia). O termo de parceria começa a ser executado em janeiro de 2017 e terá 10 meses de prazo. Este é a quinta vez que a FBB apoia financeiramente as ações da ASA desde 2005 proporcionando a implementação de mais de 92 mil tecnologias que guardam água para consumo humano e também para a produção de alimentos.
“Veio em muito boa hora essa parceira com a FBB. Ela nos possibilita não parar completamente as ações da ASA e nos dá esperanças e motivações para dar continuidade à defesa das políticas públicas de convivência com o Semiárido. Nesse momento, precisamos fortalecer nossa mobilização social, nossa luta pela garantia dos direitos conquistados e nossa denúncia pelos direitos dos povos do Semiárido que estão ameaçados”, assegura Valquíria Lima.
Além da construção das tecnologias, o recurso permitirá que as famílias participem de capacitações e intercâmbios, que são momentos de construção de conhecimentos sobre a gestão de água e a agricultura agroecológica. Com acesso à água e a novos conhecimentos sobre agroecologia, as famílias transformam sua lida no campo e passam a interagir com a natureza com mais respeito e cuidado. Depois de um tempo, a produção de alimentos saudáveis, sem um pingo de veneno, é potencializada devido a vários fatores, entre eles, à recuperação do solo. A colheita aumenta em quantidade de tal forma que atende as necessidades de consumo da família e também gera excedente para venda aos vizinhos no campo ou famílias da cidade. Apesar do Semiárido passar por uma seca de cinco anos, feiras agroecológicas foram fundadas em vários municípios da região e também nas capitais.
Estas conquistas fazem parte da vida da agricultora Rosirene, do município de João Câmara, no Rio Grande do Norte, uma das 400 pessoas que ouviram o anúncio da FBB. “Fui contemplada em 2007 com a cisterna de água de beber. E em 2009 com a (cisterna) calçadão, que me incentivou a produzir cada vez mais. Recebi muitos intercâmbios e participei de vários. A gente (10 famílias agricultoras) conquistou a feira agroecológica do município que fez dois anos agora em setembro”, testemunha dona Rosirene.
Escala nacional - Olhando para todos os estados do Semiárido, as ações da ASA no campo de estocagem de água construíram mais de 595 mil cisternas de água para consumo humano, 94 mil tecnologias que acumulam água para produzir alimentos e matar a sede dos animais, além de 3.508 cisternas com capacidade para 52 mil litros de água em escolas rurais. No campo de estocagem de sementes crioulas, a ASA apoiou 640 bancos de sementes comunitários em todo o Semiárido.
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