Sementes do Semiárido
28.05.2019 AL
Alagoas realiza o 8º Encontro de Sementes Crioulas

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Por Elessandra Araújo

Imagem: Divulgação
A Articulação Semiárido Alagoano (ASA Alagoas) realizará no período de 29 a 31 de maio o 8º Encontro Estadual de Sementes Crioulas, na Associação de Agricultores Alternativos (Aagra), localizada no Sítio Jacaré em Igaci-AL. Nesse encontro agricultores e agricultoras, técnicos, professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Instituto Federal de Alagoas (IFAL), representantes de Associações e convidados discutirão sobre a situação das semente crioulas no Estado, as sementes transgênicas, o agrotóxico e a falta de políticas para fortalecer a agricultura familiar. Também, os participantes visitarão experiências exitosas da agricultura familiar, que fortalecem a convivência no Semiárido.
 
Através do Programa de Manejo da Agrobiodiversidade Sementes do Semiárido, da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), são desenvolvidas ações para conservação e produção das sementes, nos bancos comunitários de sementes de 80 comunidades em 25 municípios do Semiárido alagoano.

As sementes crioulas, batizadas pelos(as) agricultores(as) em Alagoas como sementes da resistência, são sementes adaptadas ao clima e ao solo da região. Consideradas patrimônio cultural da agricultura familiar, sofrem ameaças de serem extintas. É o que mostra o teste de transgenia promovido através do Sementes do Semiárido e executado pela Cooperativa dos Bancos Comunitários de Sementes (Coppabacs).
 
Os testes comprovam que sementes estão sendo contaminadas devido à transgenia. Além das sementes transgênicas, a agricultura sofre com o perigo da contaminação pelo agrotóxico.
 
Segundo o coordenador executivo da ASA Alagoas pela (Coppabacs), Mardônio Alves da Graça “não se trata apenas de uma contaminação e simplesmente. À medida que uma variedade crioula é contaminada não poderá ocorrer à descontaminação, e o agricultor perde a autonomia de produção, virando refém do comércio de transgênico e dos pacotes tecnológicos, associados ao agrotóxico”.    
 
Ainda, de acordo com Mardônio da Graça, “historicamente o estado de Alagoas tem ido à contramão dessas experiências de sementes crioulas, e tem aplicado cerca de R$ 14 milhões anualmente na compra de sementes comerciais produzidas em condições diferentes da realidade do sertão”. 

Sem o comprometimento do Estado em políticas de convivência no Semiárido, cerca de 180 pessoas que vivem nas regiões do alto e médio Sertão, Agreste, Bacia Leiteira e Mata Alagoana participarão do Encontro. Eles avaliarão as potencialidades da agricultura familiar, e farão propostas para a produção agroecológica e o combate à fome e a miséria no campo e na cidade.