Por Fernanda Cruz
“A greve geral é de todos. Nesta sexta-feira, dia 14, não é para ir trabalhar, é dia de ficar em casa. É dia de cruzar os braços e dizer que não aceitamos ataques aos nossos direitos”, convoca o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores e Trabalhadoras (CUT), Vagner Freitas. Segundo a CUT, bancários/as, metalúrgicos/as, trabalhadoras/es da Educação, estudantes e docentes de universidades federais e estaduais, trabalhadores/as da saúde, de água e esgoto, dos Correios, da Justiça Federal, químicos e rurais, portuários, agricultores familiares, motoristas, cobradores, caminhoneiros, eletricitários, urbanitários, vigilantes, servidores públicos estaduais e federais, petroleiros, enfermeiros, metroviários, motoristas de ônibus, previdenciários e moradores de ocupações por todo o Brasil já se comprometeram, em assembleia, a parar.
A paralisação contra a reforma da Previdência, contra os cortes na educação e por mais empregos foi convocada pela CUT, CTB, Conlutas, Força Sindical e Intersindical, com apoio das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e deve mobilizar várias cidades pelo País. Motivos para a greve não faltam, diz o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas. “Além de não apresentar ao país uma proposta de retomada do crescimento econômico com geração de emprego e distribuição de renda, o governo Bolsonaro quer jogar a conta da crise nas costas dos trabalhadores e acabar com o direito à aposentadoria de milhões de brasileiros e brasileiras”.
A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) como uma rede de organizações e movimentos que atua pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadores, em especial dos agricultores e agricultoras familiares, das populações do Semiárido, também se coloca em apoio à greve geral. “Entendemos que a crise política que a gente vive no Brasil, desde 2014, tem trazido uma série de prejuízos aos trabalhadores e trabalhadoras, sobretudo, nesse último período pós eleitoral. Os anúncios contingenciamento e os cortes na educação; os cortes nas políticas públicas para agricultura familiar, seja no campo da assistência técnica, da assistência rural, nos programas de água no Semiárido; a desvinculação de uma série de iniciativas da ação do Estado, o evidente caos que a reforma da Previdência gerará na vida das pessoas, precisa da manifestação da população. E a ASA não poderia ficar de fora, tampouco se omitir no apoio a greve, na esperança de que os órgãos e instituições do nosso País possam ouvir o clamor das ruas, sobretudo o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF), e com isso repensar as suas prioridades e os mecanismos de escuta da população, para atender efetivamente os direitos daqueles e daquelas que se sentem ameaçados e que tem sido as verdadeiras vítimas desses cortes”, disse o coordenador executivo, Alexandre Pires.
Além das capitais, como Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Brasília, que prometem, inclusive, parar o transporte público, a classe trabalhadora de alguns municípios do Semiárido, como Ouricuri (PE), Riachão do Jacuípe (BA), Itapipoca (CE) e Chapadinha (MA), também vão parar. No total, serão 170 cidades, de todos os estados da Federação, envolvidas na greve.
Em Itapipoca, trabalhadoras/es da cidade e do campo estão se organizando para cruzar os braços e tomar as ruas amanhã. “Estamos chamando todos do campo e da cidade pra se juntar a greve. Amanhã é dia de luta, amanhã é dia de rua. A gente está dando ênfase na população rural, que ela vai ser uma das mais afetadas com todas essas perdas de direitos. Estamos convocando todos os agricultores e agricultoras a estarem nessa luta aqui na cidade de Itapipoca, bem como os municípios vizinhos, como Tuturu, Miraíma e Montada. Também teremos muitos estudantes, jovens das escolas, dos Ifs [Institutos Federais] que estão totalmente envolvidos na luta pela educação. Então, venham todos e todas para rua conosco para juntos possamos ecoar as pautas importantes para o Semiárido. Amanhã nosso grito é: não à reforma da previdência! Não aos cortes na educação! Nenhum direito a menos!, informa Gleyceani Teles, do Cetra, uma das organizações da ASA.
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