Segurança alimentar
19.09.2019 CE
No Cariri cearense, 100 mulheres quilombolas terão em seus quintais tecnologias sociais que guardam ou reutilizam água para produção de alimentos

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Por Nelzilane Oliveira - ACB

Mulheres quilombolas estão no perfil das pessoas mais vulneráveis às mudanças climáticas | Foto: Arquivo ACB

A Associação Cristã de Base (ACB), organização da sociedade civil que faz parte da ASA, assinou um convênio no mês de maio com a Fundação Banco do Brasil (FBB) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a replicação de tecnologias sociais em comunidades quilombolas. O projeto Mulheres Quilombolas e Seus Quintais Produtivos tem como público direto 100 mulheres e suas famílias.  As comunidades trabalhadas são Lagoa dos Crioulos, Arapuca e Serra dos Chagas, no município de Salitre, Carcará em Potengi, Arruda em Araripe e Souza, no município de Porteiras.

As tecnologias sociais escolhidas pela ACB para serem replicadas foram a Cisterna Chapéu do Padre Cícero, tecnologia social certificada pela FBB no ano de 2013, uma adaptação da cisterna-calçadão implementada pela Articulação Semiárido em todo o Semiárido brasileiro desenvolvida pela equipe técnica da ACB. A outra tecnologia social é o Bioágua Familiar – Reuso de Águas Cinzas para Agricultura Familiar, certificada em 2017 pela FBB, o sistema foi adaptado pela Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI-Brasil).

As mulheres serão atendidas com a instalação de 70 Cisterna Chapéu do Padre Cícero + 70 Quintais Produtivos e 25 Bioágua Familiar – Reuso de Águas Cinzas para Agricultura Familiar. O projeto também conta com capacitações que irão contribuir no cuidado e utilização das tecnologias sociais.

O projeto iniciou suas atividades no mês de julho com a apresentação do projeto nas comunidades realizado pela equipe técnica do projeto, a Coordenadora Nelzilane Oliveira e as Técnicas em Agropecuária Jaqueline Pessoa e Nágila Batista.

Logo após, foram realizados os diagnósticos nas propriedades das beneficiárias, nesta importante etapa as técnicas do projeto visitaram as casas e os quintais para certificar-se qual seria a tecnologia social a ser instalada na casa das participantes do projeto.

Para a técnica Nágila Batista as visitas possuem grande importância. “As visitas foram de extrema importância para fortalecer o vínculo entre técnica de campo e famílias da comunidade, sendo esse trabalho um meio de criar vínculos com essas mulheres e assim facilitar o diálogo e compreensão das tecnologias a serem implantadas”, diz ela.

As primeiras capacitações foram realizadas entre os meses de junho e julho, todas as beneficiárias foram capacitadas. As capacitações foram Gerenciamento e Utilização dos Recursos Hídricos, Gênero e Identidade, facilitadas pelas monitoras e educadoras populares Alexsandra Salvador e Nadine Macena.

As monitoras seguem a metodologia que ACB utiliza em suas atividade e capacitações, sempre de forma participativa. “Para melhor compreensão do que ia sendo conversado de forma transversal, sempre havia espaço de fala para relatos, desse modo a maioria colaborava com o que ia sendo conversado”, pontua Nadine Macena Educadora Popular do projeto.

“Trabalhar com mulheres requer nossa união e zelo. Um projeto que possuí seu público alvo e equipe de trabalho exclusivamente de mulheres está sendo uma enorme experiência profissional e de vida. Poder ouvir os relatos de vida, das visitas realizadas pelas técnicas do projeto nos encorajam e nos enchem de esperança. Queremos que o projeto seja um meio para que estas mulheres se empoderem a partir de seus quintais produzindo alimentos saudáveis e que o excedente possa ser comercializado”, comenta Nelzilane Oliveira.