Agrobiodivesidade do Semiárido
16.04.2021
Ações em parceria com as comunidades têm ampliado estoques comunitários de sementes crioulas

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Por Érica Daiane Costa | ASACom

Mística durante o evento convidou as/os participantes a partilharem sementes de forma simbólica

Durante o seminário virtual do projeto Agrobiodiversidade do Semiárido, realizado nos dias 8 e 9 deste mês, as ações em torno da produção coletiva de sementes foram avaliadas positivamente. A avaliação foi feita a partir de um levantamento feito junto às organizações que executam o projeto, foi estimado que, nos anos de 2020 e 2021, foram produzidos 640 quilos de sementes crioulas de feijão e de milho e 2092 mudas de Spondias, entre elas umbu, umbuguela e umbucajá.

A área total com sementes multiplicadas é de 2700 m², distribuída em municípios dos estados de Pernambuco, Piauí, Alagoas, Sergipe, Bahia e Paraíba. além de envolver cinco viveiros de mudas em Escolas Famílias Agrícolas (EFA’s) na Bahia. A iniciativa do projeto acontece a partir de parceria entre seis organizações da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Rede de EFA’s e três Unidades da Embrapa.

A meta do projeto Agrobiodiversidade do Semiárido, que integra o Programa Inova Social, é aumentar em 10% a produção de sementes e mudas em Unidades Comunitárias e em 10% o número de espécies e/ou variedades disponíveis às famílias agricultoras. Além do plantio visando a multiplicação, são realizados ainda os ensaios comparativos que avaliam o desempenho das sementes crioulas a partir do olhar dos guardiões e guardiãs e famílias detentoras das sementes.

Até o momento foram realizados nove experimentos de ensaios comparativos para avaliação de sementes crioulas, totalizando 45 sementes crioulas caracterizadas, testadas/avaliadas, sendo: 20 variedades de milho; 14 variedades de feijão de corda e 09 variedades de feijão comum. Também está sendo avaliado o desempenho de seis variedades de Spondias em áreas de fruticultura de sequeiro nas EFA’s. Esta ação pedagógica conta com o envolvimento da comunidade escolar, especialmente estudantes a partir da pedagogia da alternância.

Todos estes dados foram registrados em relatórios e registros fotográficos, fichas de identificação, termos de recebimentos e planilhas de monitoramento produzidos pelas equipes dos estados. Durante todo o processo de implementação dos campos, outras atividades voltadas para manejo na agricultura orgânica foram realizadas, a exemplo de oficinas de biofertilizantes, mutirões para adubação, encontros de formação, aproveitamento de água para cultivo de hortaliças, etc.

Durante o seminário, representantes das organizações apresentaram as experiências que estão sendo desenvolvidas nas comunidades, garantindo a prática da conservação das sementes, muitas cultivadas ao longo de muitas gerações. Esta ação tem contado com amplo envolvimento das famílias, que tem se empenhado em garantir a maior quantidade  possível de espécies crioulas. “Hoje elas [famílias] estão felizes com essa troca de conhecimento”, disse Jacinta Gentil, técnica da ONG Chapada ao citar o engajamento com o projeto que vem acontecendo na comunidade Sítio Coelho, em Petrolina (PE).

Outra experiência apresentada foi da reprodução de sementes a partir dos viveiros de mudas das escolas acompanhados pela Rede de Escolas Famílias Agrícolas Integradas do Semiárido (Refaisa). A multiplicação de sementes de umbu e de maracujá da Caatinga tem sido feita com a participação de técnicos/as do projeto, estudantes das EFA’s e comunidades onde as/os estudantes residem. Só a EFA de Itiúba (BA) produziu quase mil mudas.

A pandemia da Covid-19 foi avaliada como uma dificuldade geral para a execução das metas devido à necessidade de distanciamento social como medida preventiva, bem como o contágio por parte de pessoas da equipe e/ou agricultores/as. Ainda assim, a partir de contato virtual permanente da equipe técnica com as comunidades, foi possível dar continuidade e comemorar os resultados.

As ações do Projeto Agrobiodiversidade estão vinculadas ao Programa Inova Social e conta com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).