Por Kleber Nunes | ASACom
Brasília (DF) - Região que se destaca pela diversidade de estratégias bem-sucedidas de combate à fome, o Semiárido brasileiro confirmou sua posição de vanguarda nesse debate durante a 6ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (6ª CNSAN). O evento, realizado entre os dias 11 e 14, em Brasília (DF), foi encerrado com a divulgação de um manifesto que contempla pautas caras aos estados do Nordeste e Minas Gerais.
Além de destacar a importância da elaboração e efetivação de políticas públicas que assegurem o direito à comida de verdade, o texto enfatiza a valorização dos arranjos produtivos de comunidades e povos originários e tradicionais, e rechaça o modelo centralizador das energias ditas “limpas” e o avanço da produção agrícola intensiva, sobretudo, com o uso de agrotóxicos.
“Urge a implementação de ampla transição agroecológica e transição energética com participação popular e justiça socioambiental! Urge recuperar áreas para a produção de nossos alimentos básicos. A produção de alimentos em base agroecológica, além de saudável, porque é livre de venenos, é essencial para enfrentar o aquecimento global”, diz um trecho do manifesto.
De acordo com o membro da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) na Bahia e conselheiro do Consea Nacional, Naidison Baptista, o manifesto da 6ª CNSAN “reflete claramente” o trabalho de quem vive no Semiárido e, dentro da perspectiva da convivência com a região, vem ajudando a construir as discussões sobre a alimentação como um direito humano nas conferências.
“Foi muito importante, nós do Semiárido, estarmos na conferência nacional pautando o debate a partir da nossa realidade de experiências de Bem Viver. Também porque trazer para a pauta questões específicas da nossa luta como a necessidade da universalização da água para consumo humano, por exemplo. Isso é fruto da participação nas conferências municipais, estaduais e na conferência livre promovida pela ASA”, afirmou Baptista.
A ASA realizou a Conferência Livre de Segurança e Soberania Alimentar (CLSAN Semiárido), em outubro, e reuniu cerca de 200 pessoas em torno do tema “Terra, água e biodiversidade para um Semiárido Vivo, com participação popular e segurança e soberania alimentar”. Após os debates e formulação de propostas de políticas públicas, os participantes elegeram quatro delegadas para representar a região em Brasília.
A agricultora de Campina Grande (PB), Roselita Vitor foi uma das representantes do Semiárido na 6ª CNSAN. Contribuindo a análise de Naidison, a militante reforçou que a conferência nacional foi um importante espaço político para pautar o debate nacional, especialmente, sobre as ameaças aos povos e aos biomas da região semiárida do país.
“A transição energética está diretamente ligada à produção de alimentos, inclusive de água, e essa é uma pauta urgente do Semiárido que o restante do Brasil não conhecia, mas graças a nossa participação essa realidade foi exposta e apareceu no manifesto. Acredito que o problema da centralização da produção de energia que dizem ser “limpa” será mais debatido e temos que seguir pautando esse tema”, declarou.
Ao lado de Roselita, também representaram o Semiárido na 6ª CNSAN sua conterrânea Adailma Pereira; Cíntia Ribeiro, de Petrolina-PE; e Jandira Lopes, de Correntina-BA.
Para ler o manifesto da 6ª CNSAN na íntegra clique aqui.
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