Na véspera do Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas (16 de março), milhares de agricultoras irão sair dos seus sítios para se encontrar na sede do município de Areial, na Paraíba. Na sexta-feira (15), elas vão participar da 15ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, que reafirma a importância do bioma Caatinga para o enfrentamento da emergência climática.
A Caatinga é reconhecida cientificamente como um dos biomas mais eficaz no sequestro do carbono da atmosfera e na fixação do mesmo no solo e nas plantas. Responsável por 60% do efeito estufa – barreira que impede que a liberação dos raios infravermelhos para o espaço aumentando a temperatura do planeta – o Dióxido de Carbono (CO2) pode perdurar na atmosfera por até mil anos. A vegetação faz o importante papel de absorver o carbono e o desmatamento libera o carbono retido.
Mas por que as mulheres agricultoras vão defender a Caatinga em Pé, este ano, na Marcha? Porque o que resta desta vegetação (menos da metade da mata) está sendo derrubada para a instalação de enormes parques industriais para transformar a força cinética dos ventos e o calor do sol em energia.
Em 2022, o MapBiomas detectou, pela primeira vez, a produção de energia renovável como uma das principais atividades responsáveis pelo desmatamento. Uma área equivalente a quatro mil campos de futebol ou quatro mil hectares tiveram a vegetação derrubada para a instalação de placas solares e das gigantes torres eólicas.
Além das agricultoras do território de atuação do Polo da Borborema, virão mulheres de toda a Paraíba e de vários estados do Nordeste, como Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará. Neles, há um processo bem avançado de supressão da vegetação para a instalação de parques e usinas eólicas.
Há 15 anos - A Marcha é realizada desde 2010 pelo Movimento de Mulheres do Polo da Borborema. A cada ano, a mobilização acontece num dos municípios de atuação do Polo com um tema específico.
Há três anos, a pauta que as mulheres chamam atenção da sociedade é que as indústrias de energia renovável provocam muitos impactos nas comunidades rurais e que há outros modelos de geração de energia viáveis socialmente e ambientalmente que é de forma descentralizada.
O Polo da Borborema é um coletivo de 13 sindicatos rurais de municípios da Borborema. O território formado por esses municípios é chamado de Borborema Agroecológica.
Fazem parte do Polo: Solânea, Algodão de Jandaíra, Arara, Casserengue, Remígio, Esperança, Montadas, Areial, São Sebastião de Lagoa de Roça, Lagoa Seca, Alagoa Nova, Massaranduba e Queimadas.
SERVIÇO
15ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia
Dia 15 de março, a partir das 8h
Concentração na Praça Teotônio Barbosa, em Areial - PB
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