Por Sara Brito | Asacom
Aqui não reina o atraso
Como querem convencer
Tem vida, gente, cultura
Coisas ricas de se dizer
Sistematizar boas práticas
Demonstrando o conviver
Os Candeeiros alumiam
As veredas do Sertão
Mulheres, quintais, crédito
Convivência e criação
Em nossa prática diária
São temas de execução
Seja banner ou boletim
É importante dizer
Que o Candeeiro aqui dito
Fortalece no fazer
Força, luta, resistência
Pra vida prevalecer.
(Bruna Fernandes)
Com esse horizonte, organizações da ASA Alagoas e da ASA Sergipe e parte da equipe da AP1MC participaram da primeira Oficina de Sistematização de Experiências realizada depois da retomada do Programa Cisternas. A oficina aconteceu entre os dias 7 e 9 de maio, no território onde será realizado o X EnconASA, às margens do Rio São Francisco, entre Sergipe e Alagoas.
O objetivo das oficinas é debater sobre a prática e metodologia da sistematização de experiências. Essa primeiro encontro também teve um papel de mobilização preparatória para o EnconASA. Na visita à campo, foram visitadas e sistematizadas algumas das experiências que estarão no roteiro de visitas do Encontro Nacional da ASA.
A sistematização de experiências na perspectiva construída pela ASA é um importante instrumento pedagógico de construção coletiva do conhecimento e reconhecimento e valorização de histórias de vida, saberes e experiências das famílias que vivem no Semiárido, destacando sempre o protagonismo dos agricultores e das agricultoras em suas próprias histórias.
As experiências inovadoras das famílias que vivem no Semiárido brasileiro sempre estiveram na centralidade do trabalho da ASA, mas foi a partir de 2007, com o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) que a sistematização de experiências entrou como componente específico de um projeto. O boletim e o banner que são produtos da sistematização de experiências do P1+2 são chamados de O Candeeiro.
Acesse o acervo de Candeeiros com experiências dos dez estados do Semiárido aqui no nosso site clicando aqui.
“Sistematizar permite que a gente reflita sobre a prática. O boletim e o banner são só uma forma de organizar esse conhecimento em um formato que dialoga com o Programa que estamos executando, o P1+2. Mas o principal de fato é essa reflexão sobre a prática”, explica Fernanda Cruz, coordenadora de Comunicação da ASA. O Candeeiro se torna um espaço para as famílias contarem suas histórias e falarem das suas experiências, contribuindo assim para o compartilhamento e construção do conhecimento agroecológico e da convivência com o Semiárido.
As sistematizações são realizadas com visitas às famílias agricultoras para ouvir o que elas têm a dizer sobre suas experiências. Para a ASA, a sistematização das experiências também é uma forma de empoderar as pessoas em relação a suas próprias histórias e práticas. Mais de 2 mil histórias já foram contadas nos boletins O Candeeiro. “É uma forma da gente democratizar a informação, gerar autonomia das famílias, no sentido de quando elas começam a perceber que a história delas é importante, se sentem valorizadas porque têm ali um instrumento concreto que ela pega, que ela entrega às pessoas. Isso gera uma autonomia da família nesse contar a sua história”, afirma Fernanda.
Os boletins e banners são entregues aos protagonistas daquela experiência, para que eles possam distribuí-los em feiras, intercâmbios, visitas. Assim, o conhecimento vai passando de mão em mão e sendo multiplicado. A agricultora, guardiã de sementes e educadora popular Vera Lúcia tem um acervo de boletins O Candeeiro e os coleciona desde 2008. “Para cada evento que eu vou participar como educadora, eu levo o Candeeiro para estudo para que as pessoas que estão nos eventos se encontrem com a história dessas famílias que estão no Candeeiro”, afirma ela, que é de Palmeira dos Índios, Alagoas.
CICLO DE OFICINAS
Vera esteve presente na oficina de sistematização realizada em Alagoas, falando sobre a sua própria experiência para comunicadores e comunicadoras e equipes das organizações da ASA que estão construindo o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) em Alagoas e Sergipe. Serão realizados ainda mais três momentos de formação sobre a sistematização de experiências com a Rede de Comunicadores Populares e integrantes das organizações da ASA em outros estados. Bahia e Minas Gerais participam de oficina de 20 a 22 de maio; e os estados do Ceará, Piauí e Maranhão, e Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte se reunirão paralelamente na primeira semana de junho.
As oficinas de sistematização de experiências estão sendo uma oportunidade de reflexão sobre a metodologia da sistematização, o caminho construído nos últimos 25 anos de ASA e as inovações que podem vir nesse processo. Nessa retomada do Programa Cisternas serão realizadas 705 sistematizações de experiências no formato O Candeeiro, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e com a Fundação Banco do Brasil com recursos do BNDES.
“Se para cada boletim você tem uma família que é sistematizada, você chegou ali, provocou aquela família a olhar para aquela experiência, aquele contexto, o que é importante, quais são os desafios, para onde é que ela pode ir, olhar a propriedade de uma forma mais holística, acho que isso é bem importante. E também a questão do orgulho e do reconhecimento que eles e elas têm. Acho que a sistematização também contribuiu bastante para a construção da narrativa da convivência com o Semiárido”, afirma Fernanda Cruz, coordenadora de comunicação da ASA.
Para saber mais sobre a sistematização de experiências e a comunicação da ASA, clique aqui e assista ao vídeo O Semiárido contado por sua gente no nosso canal do Youtube.
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