NÃO TROQUE SEU VOTO
22.08.2024
Plenária Semiárido nas Eleições reforça a importância de politizar as ações da ASA e defender a democracia
Mais de 200 representantes de organizações sociais debateram os desafios e as estratégias para garantir o voto consciente no pleito municipal deste ano

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Por Kleber Nunes | ASACom

O evento enfatizou o processo de reconstrução do Brasil iniciado com as Eleições de 2022, mas que precisa ser consolidado nos municípios com a escolha de candidatos e candidatas comprometidos com os valores democráticos

A menos de 50 dias do primeiro turno das Eleições 2024, representantes das organizações que fazem parte da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) participaram da plenária “Semiárido nas Eleições”. O evento, realizado na terça-feira (20), é uma das ações da campanha “Não troque seu voto”, que este ano traz como tema “Fortaleça a Democracia!”.

Ao todo, mais de 200 pessoas se reuniram de maneira virtual para debater sobre a importância do pleito municipal que se aproxima, após seis anos de estrangulamento das políticas públicas e ataques às instituições da República. No contexto atual, a plenária enfatizou o processo de reconstrução do Brasil iniciado com as Eleições de 2022, mas que precisa ser consolidado nos municípios com a escolha de candidatos e candidatas comprometidos com os valores democráticos.

“Não vamos defender nenhuma candidatura, vamos defender um projeto de sociedade dialogando e refletindo com nossos povos do semiárido quais são as candidaturas que defendem esse projeto. Precisamos provocar os nossos povos a se envolverem nesse debate, nessa disputa”, afirmou Cícero Félix, coordenador executivo da ASA Bahia e presidente da Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC).

Politizar as ações

Entidades da ASA estão executando os programas Um Milhão de Cisternas (P1MC), Uma Terra e Duas Águas (P1+2) e Quintais das Margaridas, impactando diretamente mais de 400 mil pessoas no Semiárido. Para Naidison Baptista, assessor do Movimento de Organização Comunitária (MOC) e membro da coordenação executiva da ASA Bahia, essa capilaridade é um ativo que deve ser aproveitado pela rede.

As eleições deste ano, explicou Naidison, estão diretamente ligadas à disputa nacional de 2026. A extrema-direita, que tomou conta de boa parte do Congresso Nacional e tentou dar um golpe contra o Estado brasileiro em 2023, agora mira as estruturas municipais - prefeituras e câmaras de vereadores - para consolidar seu poder, voltar ao Palácio do Planalto e retomar o desmonte dos programas sociais.

“Não tem nada dado, tudo é conquista porque não há governo popular e sim de coalizão. Nós queremos que ele continue, mas para ele continuar o caminho democrático passa pela eleição municipal, e aí vem uma grande tarefa: precisamos politizar nossas ações. Politizar não significa partidarizar, nós não vamos pendurar as ações da ASA em um partido, mas vamos politizá-las”, pontuou Naidison.

A agricultora e integrante da coordenação executiva da ASA Paraíba, Roselita Vitor, reforçou que a politização dos povos do Semiárido acontece no dia a dia com as famílias. De acordo com ela, em cada encontro o diálogo precisa despertar a consciência do protagonismo que todos e todas devem assumir diante da conjuntura em que estão inseridos.

“Aqui, na Paraíba, muitas famílias estão ameaçadas pelos projetos de energias renováveis, não dá para não falar com elas sobre isso. Não podemos perder a oportunidade de trazer o papel delas no contexto de transformação onde nós estamos”, argumentou.

Não troque seu voto

Para comunicar sobre a temática e chegar ainda mais perto do eleitorado, a ASA está realizando a campanha “Não troque seu voto”, que oferece materiais gráficos e audiovisuais com conteúdos educativos sobre as eleições (clique aqui para acessar as peças). Essa iniciativa vem sendo tocada desde 2012 com o intuito de conscientizar a população do Semiárido sobre a importância de eleger candidatos e candidatas que defendem propostas de convivência com a região.

A coordenadora da assessoria de comunicação da ASA, Fernanda Cruz, fez o resgate histórico da campanha durante a plenária e apresentou o contexto da disputa deste ano. As Eleições 2024, sublinhou a comunicadora, acontecem no movimento de retomada do Programa Cisternas e envolve uma geração de eleitores e eleitoras que nasceram após a implementação de políticas públicas de convivência com o Semiárido.

Diante desse cenário, estão entre os desafios do pleito municipal a desinformação (fake news), o ataque às organizações do terceiro setor, o fundamentalismo religioso, o avanço de grandes projetos de infraestrutura, a emergência climática e a violência contra a mulher. Segundo Fernanda, mais do que nunca é preciso reforçar a campanha, considerando toda essa complexidade nos territórios.

“Os materiais [da campanha Não troque seu voto] podem ajudar bastante a trazer elementos para serem debatidos nos processos de formação de implementação dos programas. São dois movimentos que a gente precisa fazer: o diálogo com as famílias que a gente está trabalhando e o reforço da campanha em nossos espaços midiáticos como sites e redes sociais”, explicou Fernanda.

A partir das provocações colocadas pela mesa, os participantes da plenária Semiárido nas Eleições apresentaram suas contribuições para o tema.

Para Betânia Lima, da Associação de Apoio às Comunidades do Campo (ACC), do Rio Grande do Norte, o evento foi um momento muito importante para chamar a atenção sobre a necessidade de intensificar o diálogo com as famílias atendidas pelos projetos capitaneados pela ASA.

Na avaliação de Maria Gizelda, agricultora da Paraíba, o que ficou claro com a plenária é que o êxito nas eleições dependerá do esforço de cada um e cada uma, mas em especial dos mais jovens. “Precisamos fazer um trabalho de formiguinha nas comunidades, conversar com a juventude é fundamental porque essas eleições municipais dizem tudo sobre a continuidade do nosso projeto político”, declarou.