Por Lívia Alcântara | Asacom
A sistematização de experiências de famílias agricultoras é uma estratégia que está no coração da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). A prática, protagonizada pelos próprios agricultores e agricultoras, consiste em organizar, documentar e compartilhar experiências de sucesso, sejam elas de organização, produção, comercialização, arte, comunicação, dentre outras. Por meio desta dinâmica, as e os agricultores podem trocar conhecimentos e adaptar estratégias de convivência com clima semiárido para suas realidades locais.
Com este mesmo intuito, ao completar 25 anos, durante o X Enconasa, a ASA lançou a publicação ASA: Sistematização de Experiências de Convivência com o Semiárido, que sistematiza a experiência da rede e pretende inspirar outras organizações e países, sobretudo na América Latina e na África.
Durante o lançamento, Silvio Porto, autor da publicação ao lado de Graziela Froehlich, e hoje Diretor-Executivo de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), comentou sobre a importância do documento:
“É importante resgatar o antes da ASA, e foi exatamente isso que fizemos. A pretensão aqui não é só um registro nestes 25 anos, mas sobre o que o Semiárido representa. Por isso a gente quer que pessoas de fora do Semiárido, de fora da ASA conheçam o que é o Semiárido brasileiro, o que ele representa em termos de vida, de ebulição e diversidade”.
A publicação surgiu a convite da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e é um instrumento de aprofundamento da prática da rede na construção de alternativas à dependência de políticas assistencialistas e fortalecimento da autonomia das comunidades rurais.
Com 200 páginas e 14 capítulos, a sistematização da história da ASA resgata o papel da rede na transição de um paradigma de "combate à seca" para o da "Convivência com o Semiárido". Descreve também os principais programas da ASA e seus impactos sociais e nas políticas públicas: Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), Uma Terra e Duas Águas (P1+2), Cisternas nas Escolas e Sementes do Semiárido.
O livro traz ainda reflexões sobre o impacto transformador da ASA na vida das comunidades, enfatizando a importância do protagonismo das próprias comunidades na implementação das tecnologias de convivência com o Semiárido, como cisternas, para captação de água, além de métodos para conservar a biodiversidade.
“São inúmeros estudos, teses, dissertações, artigos que a gente traz para dentro desta publicação, tentando mostrar a partir de outros olhares, inclusive do respaldo da academia, todo este processo de experimentação, de desenvolvimento e de formação de uma grande rede que que se traduz no Semiárido Vivo”, explicou Silvio Porto.
Colaboração: Alana Soares
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