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23.04.2010
Transposição do São Francisco. Uma obra desnecessária
Site - IHU On-Line


Envolvido em questões relativas ao Rio São Francisco há 15 anos, o pesquisador João Suassuna acaba de lançar o livro “A Transposição do Rio São Francisco na Perspectiva do Brasil Real”. A ideia da obra, segundo Suassuna, é esclarecer a existência do projeto para o centro-sul do país. Em entrevista à IHU On-Line, feita por telefone, o pesquisador fala a respeito da situação atual das obras do projeto. “O projeto da transposição do Rio São Francisco vai utilizar esses volumes para abastecer 12 milhões de pessoas no nordeste. Então, se já há um conflito, fisicamente será impossível a retirada desses volumes para o abastecimento do povo”, lamenta.

Preocupado com o agravamento do processo de desertificação da região nordeste, Suassuna constata que no núcleo de Cabrobró, já existe um deserto praticamente formado, isso pela retirada da vegetação da caatinga para o fabrico de carvão. Este será um impacto crucial, e inclusive já está acontecendo”. Sobre as possíveis obras de revitalização do rio, Suassuna garante que tudo não passa de falácia. “O governo Lula deveria apostar todas as suas fichas na revitalização, no replantio de árvores e na reconstrução de matas ciliares, que não existem mais”, diz.

João Suassuna é engenheiro-agrônomo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, em Recife.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O senhor está lançando este livro sobre a transposição do Rio São Francisco. Quais os aspectos positivos e negativos do projeto?

João Suassuna – O São Francisco é um rio com múltiplos usos, mas já houve prioridades dos usos ao longo do tempo. É um rio que tem um potencial gerador de energia elétrica importantíssimo. 95% da energia que é gerada no nordeste são do São Francisco. Ele também tem um potencial de irrigação muito importante. Nas margens do rio, temos cerca de um milhão de hectares para serem irrigados, dos quais 340 mil já estão irrigados, mas já há um uso muito conflituoso entre esses usos. Para termos uma ideia, em 2001, o Rio São Francisco correu com pouca água, e tivemos que racionar a energia no nordeste, onde a coisa foi mais grave, pois as autoridades adotaram os feriadões, já que não havia volume suficiente no rio para gerar energia elétrica. Existe um conflito enorme entre o uso da água do São Francisco para gerar energia e para irrigar. O projeto da transposição do Rio São Francisco vai utilizar esses volumes para abastecer 12 milhões de pessoas no nordeste. Então, se já há um conflito, fisicamente será impossível a retirada desses volumes para o abastecimento do povo.

Estou envolvido com essas questões há 15 anos, isso gerou uma quantidade grande de artigos, tenho cerca de 80 artigos publicados e circulando na Internet. Sabemos que o centro-sul do país desconhece totalmente a existência do projeto, não sabe nem do que se trata. Afirmo isso, pois participei de uma caravana, em 2008, que visitou onze capitais brasileiras, discutindo esse projeto. Da Bahia para baixo, o que observamos é que ninguém

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