O agricultor Francisco da Luz França, seu França, de 58 anos, reside na zona rural de Serra Mossoró. Quando começou a produzir alimentos em sua propriedade de cinco hectares de terra, era num tempo em que não havia energia elétrica. O agricultor conta que na época desmatava, usava agrotóxicos e era monocultor (plantava só uma cultura). Além disso, fazia uso de um atravessador para comercializar seus produtos. Com o tempo abandonou tudo e foi trabalhar em terras de outras pessoas; também virou frentista de posto de gasolina e aceitava qualquer tipo de serviço. Dona Mazé, sua esposa, conta que percebeu que o uso do agrotóxico causava dores no peito e cansaço para seu França. A mudança em sua vida veio quando participou de cursos de capacitação e conheceu a agroecologia. “A transição foi difícil, se não se adaptar à realidade dá prejuízo”, afirma seu França que se conscientizou dos malefícios do uso de agrotóxicos na plantação. Dona Mazé teve um papel importante nesta transição. Foi dela que partiu o desejo de usar práticas agroecológicas na propriedade. Assim, o casal aprendeu a fazer defensivos naturais. Hoje há diversidade na plantação e também há rotação da terra (alternância do espaço onde se planta). Os produtos são comercializados na feira agroecológica da PROFLAN e na própria comunidade. Dona Mazé também trabalha com a apicultura, galinhas, peixes, mantém um minhocário e cultiva plantas medicinais. O casal cuida de um banco de sementes crioulas. A família acessa o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), e tem parceria com a Rede Xique Xique.