Cisterna acumula água suficiente para um período de no mínimo 6 meses.

Através de reservatórios cilíndricos que podem ser construídos próximos da própria casa da família, é possível armazenar até 16 mil litros de água, quantidade suficiente para uma família de 5 pessoas beber e cozinhar por um período de 6 a 8 meses, que é a época de estiagem da região. Algumas tecnologias também garantem guardar a água para produção de alimentos.

Confira algumas soluções para armazenamento de água que podem ser construídas:

Água para consumo humano (beber e cozinhar)

Cisternas de placa de 16 mil litros - Estas cisternas são reservatórios cilíndricos, construídos próximo à casa da família. Elas armazenam a água da chuva que cai no telhado e é levada para dentro da cisterna através de calhas de zinco e canos de PVC. A construção é de domínio dos agricultores e das agricultoras e de comprovada eficiência técnica. Os pedreiros, inclusive, são agricultores e agricultoras capacitados pelas organizações da ASA (Articulação Semirárido Brasileiro). Esta atividade termina sendo um complemento na renda familiar dos “cisterneiros e cisterneiras”. Estas cisternas, que acumulam água para consumo humano, armazenam 16 mil litros, quantidade suficiente para uma família de 5 pessoas beber e cozinhar, por um período de 6 a 8 meses – época da estiagem na região.

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•Confira vídeo que mostra a construção de uma cisterna de placa de 16 mil litros.

Água para a produção de alimentos

As tecnologias para guardar água para produção de alimentos são as mais variadas, levam em consideração as características da propriedade e se inserem em um sistema integrado e diversificado de produção. Atualmente, o P1+2 trabalha com as seguintes tecnologias sociais populares:

Cisterna-calçadão – É uma tecnologia que capta a água de chuva por meio de um calçadão de cimento construído sobre o solo, com aproximadamente 220 m². Com essa área, 300 mm de chuva são suficientes para encher a cisterna, que tem capacidade para 52 mil litros. O calçadão também é usado para secagem de alguns grãos como feijão e milho, raspa de mandioca, entre outros. A água captada é utilizada para irrigar quintais produtivos, plantar fruteiras, hortaliças e plantas medicinais, e para criação de animais.

Barragem subterrânea – É construída em áreas de baixios, córregos e riachos que se formam no inverno. Sua construção é feita escavando-se uma vala até a camada impermeável do solo, a rocha. Essa vala é forrada por uma lona de plástico e depois fechada novamente. Desta forma, cria-se uma barreira que “segura” a água da chuva que escorre por baixo da terra, deixando a área encharcada.

Tanque de pedra ou caldeirão - É uma tecnologia comum em áreas de serra ou onde existem lajedos, que funcionam como área de captação da água de chuva. São fendas largas, barrocas ou buracos naturais, normalmente de granito. O volume de água armazenado vai depender do tamanho e da profundidade do tanque. Para aumentar a capacidade, são erguidas paredes de alvenaria, na parte mais baixa ou ao redor do caldeirão natural, que servem como barreira para acumular mais água. É uma tecnologia de uso comunitário. Em geral, cada tanque, beneficia 12 famílias. A água armazenada é utilizada pelas famílias para o consumo dos animais, plantações e nos afazeres domésticos. Lavar a roupa é uma das práticas mais comuns. Em geral, as famílias aproveitam as pedras e a vegetação local para secagem das roupas.

Bomba d’água popular – Aproveita os poços tubulares desativados para captar a água subterrânea por meio de um equipamento manual, que contém uma roda volante. Quando girada, essa roda puxa grandes volumes de água, com pouco esforço físico. Pode ser instalada em poços de até 80 metros de profundidade. Nos poços com profundidade de 40 m, chega a puxar até 1.000 litros de água em uma hora. É uma tecnologia de uso comunitário, de baixo custo e fácil manuseio. Se bem cuidada, pode durar até 50 anos. A água da bomba tem vários usos: produzir alimentos, dar de beber aos animais e usar nos afazeres domésticos. Geralmente, cada bomba, beneficia 12 famílias.

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Mais informações sobre o assunto.

Cisterna-enxurrada - É uma tecnologia social que serve para armazenar a água da chuva e tem ajudado a melhorar a qualidade de vida de muitas famílias agricultoras no Semiárido brasileiro. O terreno é utilizado como área de captação. Para a filtragem da água são utilizados dois tanques de decantação. Essa água escoa através de canos para a cisterna que tem capacidade para guardar até 52 mil litros de água. A cisterna-enxurrada é construída dentro da terra, ficando somente a cobertura de forma cônica acima da superfície. A água de chuva que escorre pela terra, antes de cair para a cisterna, passa por duas ou três pequenas caixas, uma seguida da outra. A função dessas caixas, ou decantadores, é reter a areia que vem junto com a água para que não cheguem ao fundo da cisterna. A retirada da água da cisterna-enxurrada é feita por meio de uma bomba de repuxo manual.

Barreiro-trincheira - Os barreiros-trincheira são tanques longos, estreitos e fundos escavados no solo. Ele tem esse nome porque se parece muito com uma trincheira. Ele serve para armazenar a água da chuva, matar a sede dos animais e, também, para que a família possa ampliar a sua área produtiva com verduras, legumes e frutas que ajudarão na alimentação e melhoria da saúde. Dessa maneira, o barreiro-trincheira ajuda a garantir a segurança alimentar e nutricional das pessoas.

Barraginha – As barraginhas têm entre dois e três metros de profundidade, com diâmetros que variam de 12 a 30 metros. É construída no formato de uma concha ou semicírculo. O reservatório armazena água da chuva por dois a três meses possibilitando que o solo permaneça úmido por um maior período. A recomendação é que sejam sucessivas. Assim, quando uma sangrar a água pode abastecer a seguinte. A umidade no entorno também é favorável ao plantio de milho, feijão, maxixe, melão, pepino e outras frutas, verduras e legumes. A tecnologia dá condições para um manejo agroecológico das unidades produtivas familiares e mobiliza as famílias para uma ação coletiva. Também melhora a qualidade do solo por acumular matéria orgânica e mantém o microclima ao redor da barraginha mais agradável.

Visitas de intercâmbio - Para a ASA, a família é a maior fonte de conhecimento. Ninguém melhor do que quem retira da terra o seu sustento, para saber como aproveitar os recursos locais em beneficio de uma vida digna no semiárido. Nesse contexto, o papel do P1+2 tem sido o de valorizar esse saber popular, propondo intercâmbios entre os agricultores e deles com os técnicos. Esses momentos de partilha acontecem em comunidades, municípios e territórios, possibilitando que agricultores/as conheçam a realidade de suas localidades e as inovações desenvolvidas nas vizinhanças. Também são incentivados intercâmbios entre os estados, incentivando uma identidade campesina regional, sertaneja, caatingueira, geraizera e fazendo circular o conhecimento produzido nos diversos lugares de todo o Semiárido. A troca de experiências entre os agricultores também fortalece as redes locais de inovação espalhadas pelas comunidades rurais, ampliando e disseminando as estratégias de convivência com o Semiárido.

Fonte: Articulação Semiárido Brasileiro (ASA)